Gestão de Pessoas Não Ganha Jogo: Equipes Fortes é que Vencem Campeonatos
- IPV7
- 28 de abr.
- 5 min de leitura
Por Claudio Placa - COO da IPV7
No ambiente empresarial atual, a gestão eficaz de equipes desempenha um papel fundamental no alcance dos objetivos organizacionais. Enquanto a gestão de pessoas se concentra nas necessidades individuais, a gestão de equipes visa promover a colaboração, a sinergia e o desempenho coletivo dos membros da equipe. Neste artigo, vamos explorar com mais detalhes a importância da gestão de equipes para o resultado de uma empresa, bem como apresentar algumas técnicas e abordagens para criar uma gestão de equipes assertiva, embasadas em estudos e pesquisas de especialistas na área. Para isso precisamos de:
Definição de papéis e responsabilidades claras
Um dos principais aspectos da gestão de equipes é a definição clara de papéis e responsabilidades de cada membro. Segundo Robbins e Judge (2018), especialistas em comportamento organizacional, uma definição clara de papéis evita a ambiguidade e a sobreposição de tarefas, proporcionando uma estrutura clara para o trabalho em equipe. Isso permite que os membros da equipe tenham uma compreensão clara de suas responsabilidades e contribuições específicas, promovendo a colaboração e a eficácia do trabalho em equipe.
Estabelecimento de metas compartilhadas
A definição de metas compartilhadas é essencial para uma gestão de equipes eficaz. Conforme recomendado por Lencioni (2002), autor renomado em gestão de equipes, o estabelecimento de metas compartilhadas alinha os esforços e motiva os membros da equipe a trabalharem juntos em direção a um objetivo comum. Isso promove a cooperação e a colaboração, incentivando a troca de conhecimentos e habilidades entre os membros da equipe.
Comunicação efetiva
A comunicação desempenha um papel crucial na gestão de equipes assertiva. Segundo Hackman e Johnson (2013), especialistas em dinâmica de equipes, uma comunicação aberta, transparente e regular é fundamental para o sucesso das equipes. Ela mantém os membros da equipe informados, alinhados e engajados. Além disso, uma comunicação efetiva envolve a capacidade de ouvir ativamente, compreender as preocupações e ideias dos membros da equipe e fornecer feedback construtivo. Isso promove um ambiente de confiança, no qual as questões podem ser resolvidas prontamente e os conflitos podem ser abordados de forma saudável.
Estímulo à colaboração e ao trabalho em equipe
Uma gestão de equipes assertiva busca incentivar a colaboração e o trabalho em equipe. Conforme sugerido por Katzenbach e Smith (1993), especialistas em equipes de alto desempenho, a criação de um ambiente que valorize a colaboração é fundamental. Isso pode ser alcançado por meio de estratégias como a realização de reuniões de equipe regulares, a implementação de atividades de team building e a promoção de uma cultura que valorize o compartilhamento de ideias e a cooperação.
Um exemplo prático dessa abordagem ocorreu em uma das empresas em que trabalhei, do setor ISP. Havia uma equipe técnica casa-cliente que operava em duplas. Apesar de parecer eficiente, a produtividade individual era igual à da dupla, gerando aumento de custos e desequilíbrios internos. Muitas vezes, um membro da dupla assumia a maior carga de trabalho, enquanto o outro era menos exigido, o que causava desconforto e apontamentos constantes por parte de alguns técnicos que não concordavam com o comportamento do outro.
Diante disso, a política foi reformulada: os técnicos passaram a atuar de forma individual, com o apoio de indicadores de performance (KPIs) focados em produtividade e qualidade. Além da premiação individual baseada em resultados, foi criada uma meta coletiva com peso significativo no desempenho geral da equipe. Isso incentivou a colaboração genuína — os técnicos passaram a se apoiar, compartilhar conhecimento e até se cobrar mutuamente, promovendo um ambiente de cooperação saudável e mais eficiente.
O estímulo à colaboração fortalece os laços entre os membros da equipe, estimula a criatividade e a inovação e resulta em soluções mais eficientes para os desafios organizacionais. Conflitos e cobranças, quando bem direcionados dentro de um ambiente que valoriza o trabalho em equipe e prioriza o coletivo na busca por objetivos comuns, podem ser extremamente benéficos. O papel da liderança é fundamental nesse processo, pois cabe ao líder garantir que esse ambiente se mantenha saudável e alinhado ao propósito do time. Quando isso acontece, surgem novas lideranças, os colaboradores desenvolvem maior autonomia e aprendem a resolver seus próprios conflitos sem que haja necessidade de intervenção constante — fortalecendo ainda mais a coesão do grupo e o senso de responsabilidade compartilhada.
Desenvolvimento de habilidades de liderança
Uma gestão de equipes assertiva requer líderes que possuam habilidades sólidas de liderança. Segundo Yukl (2013), um renomado estudioso em liderança, os líderes devem ser capazes de motivar, inspirar e influenciar os membros da equipe, criando um ambiente de trabalho positivo e produtivo. Além disso, eles devem ter habilidades de comunicação eficazes, capacidade de tomar decisões assertivas, aptidão para gerenciar conflitos e competência para identificar e desenvolver o potencial de cada membro da equipe.
Essas habilidades de liderança se tornam ainda mais relevantes quando olhamos para o contexto dos ISPs. Por sermos uma empresa essencialmente prestadora de serviços, a qualidade das entregas depende diretamente da atuação das equipes. E é justamente nesse ponto que muitos desafios surgem, comprometendo a eficácia e o desempenho coletivo. Patrick Lencioni, renomado especialista em liderança e desenvolvimento de equipes, identificou cinco desafios principais que as equipes precisam superar para atingir todo o seu potencial. Esse conceito é abordado no seu livro “Os 5 Desafios das Equipes”, leitura que recomendo fortemente. Vamos explorar cada um deles:
1 - Ausência de confiança
A base de qualquer equipe eficaz é a confiança mútua entre os membros...
2 - Medo de conflito
O conflito é uma parte natural de qualquer equipe...
3 - Falta de comprometimento
Quando os membros de uma equipe não estão verdadeiramente comprometidos...
4 - Evitar responsabilização
A responsabilização mútua é um pilar essencial...
5 - Falta de foco nos resultados
Uma equipe eficaz concentra-se nos resultados coletivos...
Liderança estratégica e composição de times
A composição de uma equipe exige estratégia, complementaridade de perfis e alinhamento com o estilo e a dinâmica do time. Não se trata apenas de reunir talentos, mas de montar uma estrutura em que as peças se encaixem com precisão. Inclusive, a escolha da liderança também deve seguir essa lógica.
Como CEO da maioria dos ISPs por onde passei, sempre observei atentamente os perfis das equipes antes de designar um gestor para liderá-las. A aderência entre o estilo do líder e o perfil do time é fundamental para o sucesso da operação. Por exemplo, não faz sentido nomear um gestor para a área operacional — como técnicos de campo — se ele não tiver energia compatível com a rotina, nem falar a mesma linguagem da equipe que irá conduzir. Além disso, é essencial que suas soft skills estejam alinhadas com o comportamento coletivo e os desafios específicos daquele time. Um líder desalinhado pode comprometer não só os resultados, mas também o clima e o engajamento do grupo.
Considerações finais
Tenho uma crítica constante aos discursos contemporâneos de muitos RHs e coaches que insistem em tratar a gestão de pessoas como o centro de tudo. Na minha visão, a gestão de equipes deve estar acima — e a gestão de pessoas é uma ferramenta dentro desse processo, não o fim. As pessoas estão na empresa para trabalhar em prol de um objetivo coletivo. A ideia de que basta cada um fazer bem seu papel individual para que o time funcione perfeitamente é uma ilusão. Se fosse assim, bastaria reunir vários craques em um time para garantir vitórias — e sabemos que na prática não é assim que acontece.
A composição de uma equipe exige estratégia, alinhamento e complementaridade. É por isso que insisto: a gestão de pessoas existe para potencializar a equipe, e não o contrário.
Como dizia Michael Jordan:
"O talento ganha jogos, mas só o trabalho em equipe ganha campeonatos."