Uma grande parte dos provedores é constituída de empresas familiares, mas com o crescimento exponencial evidencia a importância da governança corporativa. O surgimentos de muitos ISPs no mercado brasileiro se deu de forma peculiar. A maioria deles era uma pequena loja de informática, LAN House ou antigo BBS. Estes viram a oportunidade de migrar seus negócios para o mercado de provedor e, em geral, iniciaram em família.
O que é Governança Corporativa?
Basicamente refere-se as regras que tratam de atribuições e deveres pertinentes aos sócios, acionistas, administradores, ou seja, os “stakeholders” de um empreendimento. Stakeholder corresponde ao público estratégico e pode ser uma pessoa ou grupo que possui interesse direto em uma empresa ou negócio.
Decisões de caráter estratégico visando um favorecimento familiar, ou até mesmo pessoal, podem comprometer uma empresa. Esse comprometimento, em casos mais graves, pode ser tão grande ao ponto dessa decisão causar até mesmo falência. Hoje temos acompanhado um crescimento exponencial de provedores de maneira que sua estrutura se agiganta rapidamente. Não sendo mais admissíveis questões de nepotismo ou falta de profissionalismo.
Então, é de fundamental importância uma operação harmônica, de maneira saudável e sem favorecimentos em nível puramente pessoal. Assim, fica evidente a necessidade de uma ferramenta que possa permitir gerir essa equação, sendo o papel da governança corporativa.
Ser uma empresa de caráter familiar é um bom negócio desde que gerida corretamente. Mas, em caso de investimentos externos, pode ser mal vista se não houver um plano claro de governança corporativa. Decisões sérias são discutidas por um conselho. Dando confiabilidade, credibilidade e isenção pessoal nas ações.
Empresas Familiares e longevidade em ISPs
Ser uma empresa de caráter familiar não é nada ruim propriamente dito, pode até ser saudável. Existe um ditado popular que fala que o pai constrói, mas não usufrui, o filho consolida e aproveita e o neto consome e destrói a empresa. O pai constrói pensando no bem estar da família. Mas, não é incomum, na maioria das vezes, que essa mesma empresa construída pelo pai seja desmantelada pelos sucessores.
Dessa forma, é importante que haja a presença de uma governança corporativa para garantir a longevidade da empresa a medida que ela cresce. Garantindo transparência, sustentabilidade e confiabilidade ao processo de gestão na empresa.
É muito comum que os herdeiros de um negócio, e os ISPs se encontram nesse contexto, não queiram dar prosseguimento no trabalho. Isso pode ocorrer por diversas razões, a principal delas é que o herdeiro alega que não se vê trabalhando no ramo de atividade. Possui outros interesses.A definição da missão, visão e valores de uma empresa familiar geralmente possui relação com a família. Contendo um breve histórico desde o fundados, aspirações, objetivos, etc.
Porém, a medida que a empresa se desenvolve, no nosso caso o provedor, os interesses, objetivos, aspirações vão se modificando. Especialmente com aporte financeiro externos (ou de novos investidores ou sócios). Ou ainda quando passar a envolver montantes financeiros maiores no faturamento da empresa.
Conclusão
Como discutimos, provedores passaram de pequenos negócios a negócios que envolvem elevados faturamentos. Desse modo, decisões unilaterais não são mais admitidas. Além de falta de profissionalismo. Um conselho administrativo em um provedor passa a ser uma necessidade, para garantir a integridade em tomadas de decisão. E também para promover a longevidade da empresa.
Então, não há nada errado ser uma empresa familiar, mas é saudável que se cuide do processo de gestão, para que não ocorram decisões unilaterais. Sendo esse o principal objetivo de uma governança corporativa. Já vi várias empresas entrarem em processos judiciais, falência ou dívidas por questões familiares não resolvidas. Muitas vezes, por falta de visão global, ou apenas por gastos inadequados de sócios da família.
Aqui no Rio Grande do Sul, onde moro, por exemplo, existem diversas empresas familiares, nos mais diversos ramos de atividade. Porém, se elas não tivessem se profissionalizado e instituído governança corporativa, talvez hoje nem existissem.
Nos dias atuais de globalização não se admite mais falta de profissionalismo ou corporativismo, especialmente no mercado de provedores. Dessa forma, em minhas viagens e visitas a ISPs pelo Brasil, tenho percebido a necessidade da implantação da governança corporativa e da política da qualidade.
Porque quando se atinge determinado tamanho, obrigatoriamente as decisões devem ser acertadas, os gastos minimizados e os processos mais eficientes. Isso está intimamente relacionado com a política da qualidade. Nestes casos, pode ser interessante a presença de uma consultora especializada para auxiliar nessa tarefa. Em suma, a governança corporativa passa a ser um caminho natural a ser tomado.
Autor: Fernando César Morellato