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Todo mundo usa cabo drop no backbone! Que mal tem?

Foto do escritor: IPV7IPV7

Você provavelmente já deve ter ouvido essa frase inúmeras vezes! O provedor “fulano”, meu amigo já usou! Meu “consultor” que instalou redes na “Europa” disse que não tem problema, todo mundo usa!


A norma da ABNT que especifica o uso de cabo drop é a NBR 15596 de 2008. Assim, nela, já no escopo é mencionado: cabos indicados para instalações internas ou internas e externas, vide item 1.2. Bem até aí tudo ok! Portanto, posso construir o Backbone (rede de alimentação) com cabo drop? Será? Prosseguindo: interligando terminal de acesso de fibras (TAF) ao Ponto de Terminação Óptica do Assinante (PTO), em distâncias típicas inferiores a 400 metros…


Mal-entendidos

Neste ponto que se iniciam os mal-entendidos. Assim, a interpretação “errada” de muitos pseudo-consultores é: que esse cabo vai ser usado entre caixas de emenda em trechos de 400 metros. Portanto, ainda de “lambuja” respeitando o item 1.3 que informa que deve ser instalado em vão máximos de 80 metros. Que pode dar errado? Um “negócio da China”, muito mais barato.


Em primeiro lugar, temos que considerar que não é possível comparar que, um cabo drop que custe em torno de R$ 0,50 o metro possua as mesmas características técnicas de um cabo Loose AS (Autossustentado), que custa em torno de R$ 1,30 o metro.


Para poder explicar e entender essa limitação máxima de linha de “assinante” imposta vamos ter que entender agora razões técnicas de por que todos os fabricantes (respeitando a norma) indicam uso máximo em 400 metros. Um cabo Loose, como o nome em inglês indica, significa que as fibras internamente se encontram soltas em um tubo (ou tubos, dependendo do número de vias).


Por que solto? Bem pense que esse cabo vai dilatar e contrair com alterações de temperatura. Isso fará com que haja uma dilatação de todas as estruturas; desde a interna até a externa, e como os coeficientes de dilatação linear não são os mesmos, teremos dilatações diferentes. Como os tubos e fibras se encontram soltos (não está fixa a estrutura interna do cabo). Inteiramente no tubo não haverá esforços entre as estruturas, havendo espaço para que “trabalhem” mecanicamente. Além disso temos a questão da suspensão entre os vãos de poste e o trabalho mecânico desse cabo com a ação do vento.


Fabricação

Na fabricação de cabos ópticos para longas distâncias é realizado um processo de trançagem entre os elementos ópticos (tubos, elementos de tração e enchimentos) denominado torção SZ. A sigla SZ deriva do formato de rotação de eixos em direção contrária em relação ao eixo, vide figura.


Essa técnica visa definir as propriedades mecânicas no cabo de fibra óptica em tubos Loose, em função de questões ambientais. Isso garante que a fibra permaneça com um índice de atenuação estável ao longo do passar dos anos. Assim, os fabricantes de cabos podem oferecer garantia de 25 anos (ou mais).


Na fabricação de cabos drop não existe a preocupação em construir o cabo para que não ocorram tracionamentos no vidro. Isso provoca micro trincas que se propagam, principalmente em direção ao núcleo provocando atenuações.


Assim, por esta razão, cabos drop “não” devem ser empregados para construção de redes de alimentação. Porque, já que, além de não receber garantia do fabricante, ao longo do passar do tempo as atenuações aumentarão gradativa e progressivamente. Isso é especialmente importante em redes passivas, o que inviabilizará a rede ao longo do tempo, e será tanto pior quanto mais agressivas forem as questões ambientais.


Autor: Prof. Fernando César Morellato

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