Introdução:
Em primeiro lugar, o que tem a ver redes NGN – Next Generation Network (POL) e sustentabilidade? E o que é sustentabilidade? Para respondermos essas perguntas é necessário abordarmos uma série de questões e definições. Vamos a elas. Um estudo realizado pela ONU divulga que a população mundial atual é de cerca de 7,6 bilhões de habitantes. Ainda, segundo esse estudo, esse número deve alcançar 8,6 bilhões em 2030. Deste modo, como mais da metade dessa população vive concentrada em grandes cidades é responsável pelo consumo de 67% da energia mundial, gerando 75% de resíduos de lixos diversos. E para piorar, ainda concluímos que há a questão do esgotamento dos recursos hídricos e consumo exagerado de água tratada. Realmente números impressionantes!
Assim, frente a esses números, a ocupação dos espaços urbanos de forma sustentável torna-se indispensável. Cidades de países emergentes economicamente estão investindo bilhões de dólares para a implantação de serviços inteligentes. Então, o objetivo é gerar sustentabilidade, melhorar (e garantir) as condições de vida populacional e impulsionar o crescimento econômico. Estando intimamente ligado aos conceitos de Cidades Inteligentes.
Mas o que é sustentabilidade? Segundo o dicionário: “é qualidade ou condição daquilo que é sustentável. É um modelo que tem condições de se manter ou conservar, em certo nível, por um determinado tempo”. Expressa a capacidade que o ser humano possui de usufruir serviços e bens de consumo do mundo, fundamentalmente preservando o meio ambiente. Empresas modernas não devem apenas gerar emprego, renda e ótimos produtos, mas sim, devem ser econômica e socialmente sustentáveis.
Nosso planeta está na UTI:
Nosso planeta “Água”, vem sofrendo em diferentes graus e modalidades com a poluição. Principalmente com o esgotamento de recursos naturais, que são a base do nosso modelo social e econômico atual. Seguindo esse ritmo destrutivo, brevemente não haverá mais recursos disponíveis. Portanto, os que existirem, estarão tão poluídos que não mais poderão ser utilizados ou serão demasiadamente caros. Lembrando que não são questões unicamente éticas, mas econômicas e de sobrevivência. Empresas sérias e comprometidas com as futuras gerações estão promovendo sustentabilidade nos mais diferentes níveis. Existem incentivadores desse processo, abaixo alguns deles.
Green Building Council Brasil (GBC):
O Green Building Council Brasil (GBC) é uma organização não governamental, de alcance mundial. A proposição é incentivar a indústria da construção sustentável no Brasil e no mundo, atuando junto aos governos e à sociedade civil, visando capacitação técnica de profissionais, disseminação de conhecimentos, práticas e realização de processos de certificação.
O GBC “Brasuca” se originou em 2007 e possui centenas de empresas associadas. Estas apoiam as atividades da organização por estarem engajadas de algum modo em construções sustentáveis. Seja por meio da adoção de práticas “verdes” em suas instalações ou ofertando materiais e serviços eficientes e com responsabilidade do ponto de vista sócio ambiental.
LEED (Leadership in Energy and Environmental Design):
O sucesso dessa associação pode ser medido pelo crescimento nacional da certificação denominada LEED (sigla, em inglês para Leadership in Energy and Environmental Design), em português “Liderança em Energia e Design Ambiental”. Um LEED é concedido pela entidade a estruturas que atendam a padrões ligados à sustentabilidade, como por exemplo, que visem uso racional de água, economia de energia elétrica entre outros.
Os GBCs estão presentes em 167 países e o Brasil é um dos mais atuantes, ocupando a quarta colocação em número de registros no ranking mundial. Em 2014 foi escolhido para receber o congresso mundial do Word GBC.
Portanto, existem atualmente no Brasil mais de 1300 projetos certificados com o selo LEED. A primeira certificação LEED no Brasil foi concedida em agosto de 2007 e de lá para cá aumentou exponencialmente. Prefeituras como a do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo, por exemplo, podem conceder redução de IPTU. As faixas variam de 4 a 12% para aqueles que comprovarem sustentabilidade. São os chamados “prédios verdes”, conforme o selo de sustentabilidade que receberem. Os EUA é líder absoluto no mundo em projetos com o selo LEED. Este selo é mais comum em construções que empreguem estruturas, equipamentos ou métodos que promovam sustentabilidade, como é o caso do POL (Passive Optical LAN).
Selos LEED
Selos LEED Conforme Classificação de Sustentabilidade
Certificação Green IT®
Green IT® é uma certificação que possui alto valor para que as empresas busquem sustentabilidade e visem se destacar por isso. Combinando um conjunto de práticas verdes e estratégias para a redução de consumo de energia e reduções de plásticos e metais. Assim, a certificação Green IT® é composta por uma visão de práticas de mercado que guiem profissionais que trabalhem de algum modo com TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação) para obtenção de sustentabilidade.
O selo Green IT® fornece aos usuários de TIC e profissionais da área o significado de participar de uma forma ecológica em seu trabalho. Para isso são necessários equipamentos que permitam essa condição.
Benefícios do Green IT®
Redução de custos de energia elétrica;
Economia de espaço físico;
Melhor utilização de condicionador de ar em instalações;
Redução de custos operacionais (Opex);
Aumento da otimização das atividades realizadas pela organização;
Implementação de políticas eficientes de descarte de equipamentos de TIC;
Redução emissão de CO2 no meio ambiente;
Encorajamento dos colaboradores da organização a participarem de práticas green (verdes);
Aumento da reputação e autoridade da organização perante a comunidade;
Facilita a adoção a questões estabelecidas na norma ISO 14001.
Redes NGN (POL) & Sustentabilidade
Um exemplo de rede NGN é o Passive Optical LAN (POL). O POL é uma tecnologia denominada de disruptiva em relação ao cabeamento tradicional, normalmente UTP. Tecnologia ou inovação disruptiva descreve uma inovação tecnológica, produto ou serviço que utiliza uma estratégia “disruptiva” que suplanta uma tecnologia existente dominante no mercado com muitas vantagens. Assim, como por exemplo, o computador quando substituiu a máquina de escrever.
Portanto, a topologia POL está intimamente associada à sustentabilidade. Redes POL possibilitam redução de ocupação de espaço físico em racks de até 90% em relação aos sistemas LAN tradicionais. Também temos a questão de ruído com relação à ventilação forçada usada nos equipamentos. Ainda teremos também uma diminuição do consumo de energia elétrica podendo atingir 50% em relação aos sistemas tradicionais. Isso sem incluir uma expressiva redução da utilização de refrigeração com condicionadores de ar.
POL e Expectativa de Duração (Obsolecência):
Uma questão problemática para gerência de TIC refere-se à rápida obsolescência dos cabeamentos CAT5 e CAT6 empregados em redes UTP. Isso gera grandes quantidades de “lixo eletrônico” em curtos espaços de tempo. Normalmente a vida média de um cabeamento metálico é de aproximadamente 7 anos. Em 30 anos representará uma troca de cabeamento pelo menos de 4 vezes. Apenas falando-se em “lixo eletrônico” gerado, pois ainda temos diversas outras questões envolvidas, como financeiras, tempo gasto, dos profissionais envolvidos e técnicas.
A expectativa de duração da fibra óptica é prevista para mais de 30 anos. Portanto, isso garante menor impacto ambiental em comparação aos cabeamentos tradicionais. Além de todo esse tempo não nos preocuparmos com o cabeamento, mas sim apenas com questões de infraestrutura de equipamentos ativos e de serviços.
Assim, já passamos evolutivamente por diversas categorias de cabeamento de redes, como as categorias três a seis, isso apenas mencionando os cabeamentos não blindados de interferência (UTP), existem ainda os cabeamentos STP, em suas diferentes subcategorias, alguns fazem referência ao termo FTP (Foil Twisted Pair). O que fica evidenciado frente a isso é um questionamento: “o cabeamento metálico significa realmente evolução”? Veja a frase dita por Scott Forbes, CEO Forbes Media: “Cavalos não andam mais por nossas rodovias e muitos de nós não utilizam máquinas de escrever em suas mesas. Então, por que redes tradicionais continuam sendo amplamente utilizadas, apesar delas já terem sido obsoletadas pelas tecnologias de última geração?”.
Como curiosidade, a entidade regulamentadora das normas de cabeamento estruturado metálico é usuária da tecnologia POL, que emprega fibra óptica.
Conclusão:
Como resultado, a fibra óptica que possui dimensões reduzidas, permite uma diminuição considerável da utilização de plástico. Assim, teremos redução de plásticos das tomadas usadas para alimentar os equipamentos nos racks de distribuição, já que a rede é passiva e não requer alimentação para a distribuição entre a origem e destino. Isso sem falar nos racks e outros equipamentos, já que estes também ficam severamente reduzidos em quantidade e tamanho, diminuindo também os impactos ambientais com lixo eletrônico de metais como cobre, chumbo, ferro, estanho zinco e alumínio.
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Sustentabilidade – redução do uso de metais e plásticos
A questão de transporte também é afetada. Como a fibra óptica em relação ao cabeamento UTP CAT6 é em torno de 1200% mais leve, isso implica diretamente em questões de armazenamento e transporte. Além de fretes mais baratos, haverá menor poluição produzida pelos veículos no transporte, afetando diretamente também o armazenamento e como ocupará muito menos espaço teremos a questão da redução de armários, equipamentos, dutos e calhas implicando também diretamente em questões de transporte, armazenamento e instalação.
Existe outro ponto importante, como há uma redução significativa em consumo elétrico também teremos uma redução com sistemas de proteção de interrupção de energia, os No-breaks, assim haverá também uma diminuição de ocupação de salas de equipamentos, e é claro do uso de baterias, que são extremamente poluentes. Na tecnologia POL ainda existem questões indiretas, como a redução do tamanho de embalagens que poupa o corte de árvores e menor número de embalagens descartadas.
Autor: Fernando César Morellato