Redes Ópticas Balanceadas ou Desbalanceadas, quando usar um tipo e quando usar outro? Neste post vamos tratar sobre esse assunto. Mas é necessário ficar claro que a opção de usar uma rede ou outra é sempre do cliente. Portanto, não existe necessariamente uma obrigação de uso e sim sugestão. Existem condições que a tornam mais indicada a uma aplicação ou não. Assim, vamos pontuar algumas características de ambas que nos auxiliam na tomada de decisão.
Redes Ópticas Balanceadas:
Aplicação, manutenção e gerência:
Aplicação: são indicadas para áreas urbanas, mais densamente povoadas por km2. Quanto a questão de estoque de materiais, existem poucos modelos de splitter para gerenciar e manter. Portanto, isso representa uma vantagem imediata em caso de reposição de emergência (apenas um ou dois modelos normalmente).
Quanto a questão de sinal, é possível facilmente saber, prever e orientar o técnico instalador sobre o sinal esperado em determinado ponto. Assim, a gestão técnica fica facilitada. Não existem muito valores, ou tabelas a decorar, ou ter em mãos. O técnico sabe exatamente o que esperar. Se isso não ocorrer, a manutenção fica facilitada. Assim, influenciando diretamente em custos de Opex. Em caso de falhas de recepção facilitará a localização e identificação da falha.
Relativo à gerência da rede, possibilita uma gerência menos complexa. Sem que haja a necessidade de grandes documentações em mãos para os técnicos. Para a equipe de instalação não exigirá do técnico grandes conhecimentos matemáticos em caso de falhas. Porque para determinar possibilidades de problema temos a potência padronizada por usuário.
Cobertura, capilaridade e custo:
Poderemos usar GPON ou EPON para atendimento dos clientes. A cobertura possível é de até 20Km por porta, para atender até 128 clientes com GPON e 64 com EPON.
Porém, temos a desvantagem da capilaridade. Que será diretamente proporcional à backbone, e possui relação direta com a densidade demográfica. A capilaridade será proporcional a expansão de projeto prevista. Para os custos da rede temos a execução (Capex) um pouco maior que redes desbalanceadas. Mas o operacional (Opex) é de mais fácil gestão, proporcionando menor custo operacional
Para troubleshooting (localização de falhas) em casos de rompimentos de fibra o maior problema será a identificação de onde houve o rompimento, caso seja desconhecido. Para solução, será empregado um OTDR PON para avaliação que analisa splitteres balanceados. O processo de fusão para poucas fibras (8, por exemplo) será realizado em poucos minutos. Em redes balanceadas temos um número menor de fusões na rede.
No caso de valuation, permite processo de validação de qualidade de processos de manutenção e instalação, vide regulamentação ANATEL. Portanto, costumam apresentar valuation mais elevado. Operadoras normalmente operam em modo balanceado.
Redes Ópticas Desbalanceadas
Aplicação, manutenção e gerência:
Aplicação: são indicadas para áreas rurais menos densamente povoadas por km2 ou lineares, como rodovias, em cercamentos de condomínios, etc. Portanto, isso constitui as redes em topologia barramento. Relativo à questão de estoque, possuem muitos modelos de splitteres para gerenciar e manter em estoque. Portanto, isso pode se tornar especialmente problemático em casos de reposição de emergência.
Para o sinal, devido ao grande número de splitteres desbalanceados na estrutura, não será possível prever facilmente o sinal na casa do usuário. Será necessário que haja uma planilha de controle e que se saiba o número da caixa daquele determinado splitter. Em caso de falhas de sinal, isso poderá dificultar a localização, devido ao cascateamento de sucessivas splittagens.
Isso demandará uma gerência mais complexa e documentação atualizada, além de disponibilização dessa ferramenta aos técnicos. Para a equipe de instalação: exigirá do técnico instalador maiores conhecimentos matemáticos. Portanto, em caso de falhas, para determinar possibilidades de problemas, a potência não é padronizada por cliente. Assim, isso dificultará um pouco mais o processo.
Cobertura, capilaridade e custo:
Para a cobertura pode atingir longas distâncias, superiores a 20Km, que dependerão das razões de splittagem, para até 128 ou 64 clientes. Sendo essa uma vantagem. Por isso a capilaridade será superior a 20Km em relação às redes balanceadas e proporcional a expansão de projeto prevista.
Para a questão de custo, a execução (Capex) desse tipo de rede é um pouco menor que redes balanceadas. Para o operacional (Opex) dificulta a gestão, especialmente em caso de ampliações (alteração em todas as documentações) e em caso de falhas.
Equipamentos OTDR não permitem medidas dos splitteres, e os identifica como fusão ou conector. Isso dificulta um pouco a interpretação e localização de problemas em caso de documentação precária. Rede desbalanceadas, em geral, possuem maior quantidade de fusões na rede, influindo no custo operacional.
Para ações de valuation dificultam a realização de processos de qualidade. Especialmente se não houver documentações atualizadas. Assim, redes desbalanceadas costumam apresentar menor valuation, sendo esse tipo de rede desvalorizado por operadoras. Assim, deve-se cuidar a escolha entre redes balanceadas e desbalanceadas baseado em características de aplicação e custo.
Lembrando:
Não é possível obter certificação de rede para aplicações indevidas de elementos, contrárias a indicação do fabricante. Como é comum o uso de cabos drop como backbone indevidamente (norma ABNT NBR 15596), PTOs e outros. Há perda da garantia de produto pelo uso não recomendado pelo fabricante, como, por exemplo, exceder 400m, como o caso do cabo drop.
Concluindo, não é incorreto escolher uma rede óptica balanceada ou desbalanceada, entretanto, isso irá influenciar em vários pontos, como vimos. A tabela abaixo realiza um comparativo aproximado entre redes balanceadas e desbalanceadas. Não pretende com isso eleger uma rede ou outra. Mas sim oferecer um comparativo para que a escolha seja coerente.
Para os equipamentos ativos da rede a escolha de um ou outro tipo de rede não representa maiores problemas. Mas deve-se atentar que OLTs possuem limite de distância em 20Km para tempos de resposta. Isso inviabiliza o uso em longas distâncias, mesmo que o sinal esteja no nível adequado. Para exceder essa distância a OLT deve ter o recurso PON Extended.